Cadeira
de nº 36
Janethe Fontes
Excelentíssimo
Senhor Clóvis Domingues, Presidente da Academia Guarulhense de Letras, e demais
membros integrantes desta Mesa de Honra. Senhoras e Senhores Acadêmicos, amigos
e amigas, familiares e convidados que compartilham deste evento, uma excelente
noite a todos!
Sou
muitíssimo grata a todos os confrades e confreiras, que, após análise de meu currículo,
aprovou minha entrada neste sodalício das letras. Recebo com toda a minha
humildade esta tão significativa e honrosa ocupação, mas irei utilizar de uma
frase de ARISTÓTELES que disse que “a grandeza não consiste em receber honras,
mas em merecê-las”. Por isso, confesso que não me sinto realmente merecedora de
tal honraria, sinto-me pequena
diante de tantos intelectuais que compõem este nobre sodalício, e por onde já
passaram tantos grandes nomes da cultura brasileira.
Enfim,
para mim, é motivo de imensa alegria pertencer à AGL, e são raras as palavras
que podem exprimir a minha emoção neste momento. Assim como eu sei que não
poderei jamais exprimir a emoção da minha família, que está presente aqui... A
emoção de uma família que, no início da década de 70, se viu obrigada a sair do
interior de Pernambuco, para conseguir um tratamento adequado para a doença da
minha mãe, e veio para São Paulo e por aqui ficou, com escassos recursos
financeiros. E é por isso que durante bastante tempo,
a única e verdadeira preocupação de meus pais fora a luta pela sobrevivência. Assim,
o livro não fez parte da minha infância e nem da infância dos meus irmãos.
Porém, no início de minha adolescência, a paixão pelos estudos me
levou a frequentar a biblioteca da escola, e foi aí que conheci Érico Veríssimo
e outros vários escritores que despertaram em mim o gosto pela literatura
brasileira e estrangeira. Nessa época, eu ainda não tinha qualquer plano de ser
escritora. Na realidade, sequer me sentia com capacidade para isso. O fato é
que este “anseio” por escrever foi despertando pouco a pouco. Minha grande
ambição na adolescência e no início da vida adulta era conseguir um “bom” emprego
e fazer um curso técnico... Isso dá uma dimensão de como a vida era dura e como
a escrita se mantinha distante do meu dia-a-dia, embora, no fundo do meu coração,
a vontade
de escrever já tivesse aflorado.
Foi
dessa forma que, apesar de não ter vindo de uma família de intelectuais, como provavelmente
algumas pessoas aqui presentes, de não ter herdado o dom da escrita de nenhum
parente próximo, contradizendo o destino, ingressei no mundo das letras.
Mas
talvez o destino não tenha sido tão contraditório assim, pois ao assumir a
cadeira de número de 36, do prestigiado escritor, jurista, ex-secretário
adjunto da Secretaria de Segurança Pública, professor universitário de Direito
Romano e advogado, em seus últimos anos de vida, Sr. Antonio Filardi Luiz, sou
obrigada a reconhecer que o destino foi até caprichoso comigo, tendo em vista
que as personagens principais do meu primeiro livro, Vitimas do Silêncio, são
também advogados.
Voltando
a Antonio Filardi Luiz... Membro da Academia ocupando a cadeira de nº 12, cujo
patrono é Otávio Rodrigo Langgaard Filho, Filardi, além de participações em
Revistas acadêmicas, tem também os livros Azul
Celeste e Azul Celeste - a Visao
Eterea de um Amassador de Barro, Noções de Direito Romano, Curso de Direito Romano e Dicionário de Expressões Latinas.
O
escritor Antonio Filardi Luiz era também, além de poeta, um grande contista.
Faleceu em 26 de julho de 2003 e passou a patrocinar a cadeira de nº 36.
Sua
paixão era o Direito, a Justiça plena e eficaz.
A
importância do Sr. Filardi para as áreas jurídica e literária é incontestável,
assim como fora todo o seu trabalho. Por isso tudo, ratifico que é uma honra grande
demais estar aqui e ocupar a cadeira de número 36.
Finalizo
com um profundo agradecimento à acolhida oferecida pelo Senhor Presidente e
pelos nobres companheiros e a todos que estão aqui! Obrigada, de coração!
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