16/03/2014

Discurso de posse - Academia Guarulhense de Letras

Cadeira de nº 36
Janethe Fontes


Excelentíssimo Senhor Clóvis Domingues, Presidente da Academia Guarulhense de Letras, e demais membros integrantes desta Mesa de Honra. Senhoras e Senhores Acadêmicos, amigos e amigas, familiares e convidados que compartilham deste evento, uma excelente noite a todos!

Sou muitíssimo grata a todos os confrades e confreiras, que, após análise de meu currículo, aprovou minha entrada neste sodalício das letras. Recebo com toda a minha humildade esta tão significativa e honrosa ocupação, mas irei utilizar de uma frase de ARISTÓTELES que disse que “a grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las”. Por isso, confesso que não me sinto realmente merecedora de tal honraria, sinto-me pequena diante de tantos intelectuais que compõem este nobre sodalício, e por onde já passaram tantos grandes nomes da cultura brasileira.

Enfim, para mim, é motivo de imensa alegria pertencer à AGL, e são raras as palavras que podem exprimir a minha emoção neste momento. Assim como eu sei que não poderei jamais exprimir a emoção da minha família, que está presente aqui... A emoção de uma família que, no início da década de 70, se viu obrigada a sair do interior de Pernambuco, para conseguir um tratamento adequado para a doença da minha mãe, e veio para São Paulo e por aqui ficou, com escassos recursos financeiros. E é por isso que durante bastante tempo, a única e verdadeira preocupação de meus pais fora a luta pela sobrevivência. Assim, o livro não fez parte da minha infância e nem da infância dos meus irmãos.

Porém, no início de minha adolescência, a paixão pelos estudos me levou a frequentar a biblioteca da escola, e foi aí que conheci Érico Veríssimo e outros vários escritores que despertaram em mim o gosto pela literatura brasileira e estrangeira. Nessa época, eu ainda não tinha qualquer plano de ser escritora. Na realidade, sequer me sentia com capacidade para isso. O fato é que este “anseio” por escrever foi despertando pouco a pouco. Minha grande ambição na adolescência e no início da vida adulta era conseguir um “bom” emprego e fazer um curso técnico... Isso dá uma dimensão de como a vida era dura e como a escrita se mantinha distante do meu dia-a-dia, embora, no fundo do meu coração, a vontade de escrever já tivesse aflorado.

Foi dessa forma que, apesar de não ter vindo de uma família de intelectuais, como provavelmente algumas pessoas aqui presentes, de não ter herdado o dom da escrita de nenhum parente próximo, contradizendo o destino, ingressei no mundo das letras.

Mas talvez o destino não tenha sido tão contraditório assim, pois ao assumir a cadeira de número de 36, do prestigiado escritor, jurista, ex-secretário adjunto da Secretaria de Segurança Pública, professor universitário de Direito Romano e advogado, em seus últimos anos de vida, Sr. Antonio Filardi Luiz, sou obrigada a reconhecer que o destino foi até caprichoso comigo, tendo em vista que as personagens principais do meu primeiro livro, Vitimas do Silêncio, são também advogados.

Voltando a Antonio Filardi Luiz... Membro da Academia ocupando a cadeira de nº 12, cujo patrono é Otávio Rodrigo Langgaard Filho, Filardi, além de participações em Revistas acadêmicas, tem também os livros Azul Celeste e Azul Celeste - a Visao Eterea de um Amassador de Barro, Noções de Direito Romano, Curso de Direito Romano e Dicionário de Expressões Latinas.

O escritor Antonio Filardi Luiz era também, além de poeta, um grande contista. Faleceu em 26 de julho de 2003 e passou a patrocinar a cadeira de nº 36.

Sua paixão era o Direito, a Justiça plena e eficaz.

A importância do Sr. Filardi para as áreas jurídica e literária é incontestável, assim como fora todo o seu trabalho. Por isso tudo, ratifico que é uma honra grande demais estar aqui e ocupar a cadeira de número 36.

Finalizo com um profundo agradecimento à acolhida oferecida pelo Senhor Presidente e pelos nobres companheiros e a todos que estão aqui! Obrigada, de coração!







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Quando a última árvore cair, derrubada; quando o último rio for envenenado; quando o último peixe for pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro é coisa que não se come".

(Índios Amazônicos)

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