19/10/2015

O que os leitores querem?

Por Janethe Fontes


Bem, para tentar responder à pergunta deste artigo, temos de entender que “o livro” é um produto como qualquer outro, quando se pensa em termos de produção/negócio.

E, no mundo dos negócios, para se manter competitivo, o empreendedor precisa estar sempre “antenado” com as tendências de mercado. Para isso, empreendedores em geral procuram o máximo de informações possíveis, através de pesquisas e participações em congressos, visitas a feiras e eventos relacionados ao seu segmento, e ainda – isso é extremamente importante – observar o desempenho de seus concorrentes – atuais e futuros, assim como as modificações na economia e também na sociedade.

No caso de um novo negócio, o empreendedor precisa definir se vai apostar em mercados conhecidos, onde os riscos são, aparentemente, menores, já que, como os concorrentes e os preços dos produtos ou serviços já são conhecidos, assim como o seu mercado consumidor, faz-se necessário apenas calcular os custos da produção e ajustar os preços para tentar conseguir um lugar ao sol, OU se vai se arriscar em algo novo, onde os resultados podem ser espetaculares, mas são também incertos!

Porém, se todo empreendedor temesse demais os riscos, jamais haveria inovação!

De qualquer forma, independentemente de ser um novo negócio ou já consolidado, a prática mais comum no mundo empresarial é a tentativa de identificar, com a maior antecedência possível, as tendências de mercado. Daí, compreender “quem são os clientes de determinados produtos”, “por que compram” e “o que buscam nos produtos adquiridos” torna-se indispensável, segundo alguns empreendedores. Então, são realizadas pesquisas e mais pesquisas para levantar as expectativas dos consumidores.

O mesmo tem ocorrido no mercado editorial, onde pesquisas e mais pesquisas são realizadas na tentativa de prever as tendências no mercado livreiro/literário/editorial.

No entanto, na contramão de tudo o que é tido como certo à grande maioria dos empreendedores, Steve Jobs dizia: “O consumidor não sabe o que quer, temos que surpreendê-lo!”

É! É isso mesmo! Um dos empreendedores mais fantástico, ousado e inovador dos últimos tempos não dava à mínima para essas pesquisas de mercado.

Enfim, concordando ou não com Jobs, o fato é que a tendência do ser humano é se amedrontar diante do risco, do novo, do inusitado, mas tudo nessa vida exige risco. E, se não fosse assim, talvez a vida não tivesse muita graça!

Por isso, dando sequência ao meu último artigo: A escrita subversiva e a discrepância entre a literatura e a diversidade brasileira (se você ainda não leu, bastar clicar aqui), insisto que os autores(as) brasileirxs deveriam arriscar-se mais em suas obras e apostarem naquilo que é diferente, curioso, pelo menos, aos olhos de outros povos.

Temos uma cultura fértil aqui no Brasil, lugares lindíssimos, assuntos que dariam histórias sensacionais de corrupção, policial, etc, etc. Mas observamos que ainda há uma imensa quantidade de livros nacionais cuja narrativa acontece em lugares como a América do Norte ou na Europa.

Não que eu ache que o autor(a) tem de ficar “preso” ao seu país de origem. Óbvio que não! Mas eu realmente acredito que alguns autores estão perdendo uma boa oportunidade de retratar uma ficção que seja mais “próxima” do leitor, na qual ele se “reconheça”, que se sinta de fato parte da história. E, o melhor, onde o leitor passe a (re)conhecer o seu próprio país e sua variada e maravilhosa carga cultural. Isso é importante para formação de identidade de nosso povo, e a literatura nacional pode colaborar com isso!



E você, leitor(a), o que quer?

Tem se “arriscado” a conhecer o trabalho literário de seus conterrâneos?

Gosta quando um livro é ambientado aqui no Brasil ou pra você ‘tanto faz como tanto fez’?



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6 comentários:

  1. Concordo com você, o autor brasileiro precisa se focar mais em sua cultura nas suas obras. Recentemente vi um artigo sobre como os leitores se incomodam com uma obra brasileira que se passa em outro pais, com costumes e nomes típicos de lá. Vamos valorizar um pouco nosso Brasil!

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    1. Olá, Dany!

      Pois é, Dany, há quem reclame, mas há também aqueles que tem preconceito com "autores nacionais". Espero que isso mude um dia!

      Bjs

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  2. Gostei do seu incentivo às novas criações, Janethe, à originalidade. Há riscos, mas também pode haver maiores oportunidades.

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  3. Boa noite! Janethe. Aos poucos estou lendo o seu blog. No trecho de Jobs: acredito que além da pesquisa de mercado que é importante, é essencial surpreender sempre, gerando uma inovação contínua e assim, superando as expectativas dos consumidores.

    Concordo plenamente dos Autores explorarem o brasil para suas criações. Tenho um exemplo na família, meu irmão Guilherme está escrevendo o próximo livro que às cenas fortes e principais passam em algumas Cidades no brasil.

    Gostei muito de saber sobre o seu pensamento e mais ainda pelo Guilherme elaborando uma inovação, pois grande parte ainda preconiza os Países internacionais.
    Bjs

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    1. Obrigada, Julianna Maia! Precisamos explorar mais este país que é cheio de contrastes e, ao mesmo tempo, maravilhoso!!

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Quando a última árvore cair, derrubada; quando o último rio for envenenado; quando o último peixe for pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro é coisa que não se come".

(Índios Amazônicos)

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