Por Janethe Fontes
Procuro algo que explique esse estado de aflição em
que vivo há pelo menos três anos, essa ânsia de viver, essa necessidade quase
desesperada de fazer as coisas acontecerem, misturada à angustia de que o tempo
está passando e não consegui realizar nada, nada, nada(!), do que havia
idealizado. Por isso fiz algumas pesquisas e recorri até o mesmo ao dicionário
Houaiss para me ajudar nesta peleja.
Ansiedade = 1°) grande mal-estar físico e psíquico;
aflição, agonia; 2°) desejo veemente e impaciente; 3°) falta de tranqüilidade;
receio; 4°) estado afetivo penoso, caracterizado pela expectativa de algum
perigo que se revela indeterminado e impreciso, e diante do qual o indivíduo se
julga indefeso.
Crise dos trinta: Não encontrei qualquer definição
para crise dos trinta, mas acredito que seja o medo, mesmo que inconsciente, da
proximidade da esterilidade, de não poder mais gerar filhos, da menopausa
(andropausa para os homens), que para algumas pessoas chega bem mais cedo do
que deveria, medo de perder a sensualidade, de deixar de ser atraente. Talvez
seja por isso que de um tempo para cá, minha aparência, mais do que nunca,
passou a ser algo tão importante, e eu entrei na loucura das dietas, dos
exercícios diários e dos cremes e loções, para retardar o envelhecimento, pois
o tempo, como costuma dizer uma amiga minha que também passa pela mesma
fase, é implacável.
Crise da modernidade: Também não encontrei qualquer
definição a respeito, até mesmo porque a crise da modernidade envolve muitas
coisas, mas, no meu caso, e no caso de muitas mulheres (a mulher foi a que mais
sofreu as mudanças ocasionadas no último século, por isso falarei apenas delas
nesse parágrafo), creio que essa crise envolva valores de auto-afirmação em
múltiplas coisas, portanto temos de ser bem-sucedidas profissionalmente,
independentes, cultas, além de bonitas (mesmo depois de um dia de trabalho
árduo), mães dedicadas e bem humoradas (mesmo depois de suportar o chefe chato
e pegar um ônibus lotado com um homem roçando sua bunda (desculpem a expressão,
mas foi inevitável)), e, ainda por cima, precisamos ser amantes ardentes e bem
dispostas à noite, afinal o namorado, marido, amante, está à sua espera na
cama.
E a que conclusão cheguei depois de tudo isso? Que
talvez o que eu sinta seja um misto de tudo o que citei acima. E que vou ter de
aprender a lidar com essas alegrias e tristezas, limites e frustrações que o
tempo me trouxe. Afinal tudo isso faz parte da vida. Além disso, creio que não
possa fugir a essa turbulência interna que me faz repensar o tempo todo a vida,
mas posso tentar aceitar minhas limitações, sem deixar, é claro, de lutar pelas
coisas que ainda acredito. Além do mais, dizem também que tem crise dos
quarenta, dos cinqüenta (ai, meu Deus!), então o jeito é não entrar numa neurose
agora, ainda tenho muita crise a enfrentar!
Nota: Embora tenha comentado acima que a mulher foi
a que mais sofreu as mudanças ocasionadas no último século, quero deixar claro
que não estou, de maneira alguma, defendendo retrocesso a posições anteriores.
Afinal, admito que o que tínhamos antes não era nem um pouquinho melhor do que
o que temos hoje. Portanto, nós, mulheres, temos mais é de usufruir de tudo o
que foi conquistado. Precisamos apenas conseguir um equilíbrio.
Publicado
originalmente no blog Palavreando
em 27/10/2006
Amiga, bem-vinda ao time. Não está sozinha nessa, tenha certeza disso. Não tenho explicação para essas crises de ansiedade, esses altos e baixos de humor... tem a ver com tudo e com nada. Gosto de pensar que o ser humano está mudando sua vibração (papo zen) e, com isso, todo o lixo acumulado em nosso interior precisa vir a tona para ser eliminado. Freud não explica, mas o misticismo sim!!! Hehehehehehehehehe. Bjoooooooo
ResponderExcluirVan,
ResponderExcluirEu já sai dessa fase, agora estou na dos "enta"!!!!!! (kkkkkkkkkk)