11/09/2013

...bem-vind@ à crise dos enta!


Por Janethe Fontes


Confesso que quando completei 35 anos de idade me via no auge de uma crise que nem sabia que existia (leia o artigo Ansiedade, crise dos trinta ou crise da modernidade?), mas, depois que formulei o artigo mencionado, descobri que inúmeras pessoas (homens e mulheres) também entram em crise nessa mesma faixa etária. Isso porque no início da vida adulta idealizamos que aos trinta e poucos anos teremos concretizado aquilo que julgamos que nos tornará felizes e realizados. Para alguns, o ideal pode ser ‘encontrar um grande amor’ ou ‘perpetuar’ a espécie com a chegada de um “rebento”; para outros, conseguir ‘reconhecimento profissional e/ou comprar uma bela casa'; enfim, pode ser inúmeras coisas que não cabe enumerar aqui. E a crise se dá, acredito, quando justamente não conseguimos alcançar aquilo que imaginávamos que deveríamos concretizar nesta idade. E, aí, você sucumbe a uma necessidade quase desesperada de fazer as coisas acontecerem, de atingir seus sonhos antes que a idade o impeça disso. Vem também o medo de perder a saúde, a sensualidade... de envelhecer.


O pior é que passada a crise dos trinta, vem a chamada crise da meia-idade, conhecida popularmente como “crise dos enta”, ou seja, vem a “eterna crise”. Sim, porque depois dos quarenta, vem cinqüenta, sessenta, etc, etc.

A verdade é que com a crise da meia-idade vem a compreensão de que se chegou a um “divisor-de-águas”, e isso pode colocar em dúvida vários aspectos da vida, tanto profissionais como pessoais. E esse sentimento pode acarretar numa busca bastante inquieta por uma nova vida. Afinal, “a vida começa aos quarenta”. Não é isso o que dizem por aí?

A chamada crise da meia-idade também é caracterizada por um período de transição da idade adulta para uma fase de avaliação e reafirmação da vida profissional e emocional, alegam alguns psicólogos.

Para o ginecologista Malcolm Montgomery, nesta fase da vida, há uma queda na produção de hormônios ligados à sexualidade, tanto na mulher, com a proximidade da menopausa, quanto no homem. Essa baixa hormonal contribui para deixar as pessoas mais frágeis, e aliada a outros fatores sociais e culturais, pode desencadear um período de crise.

Já o psicólogo Diego Gutierrez Rodriguez, afirma que além da queda hormonal, as principais características dessa fase dizem respeito ao fator tempo. Levando em consideração que, no Brasil, por exemplo, a expectativa de vida é de 73 anos- segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)- chegar aos quarenta anos pode causar uma sensação de desconforto e de medo. Surgindo questionamentos como: o que eu fiz da minha vida e o que vou fazer com o resto dela? Quanto tempo ainda tenho de vida?

Segundo o especialista Camilo Vannuchi, a meia idade é uma fase, que apesar da crise, ocorre transformações pessoais, onde a pessoa consegue realizar seus diversos desejos como, prestar um novo vestibular, escrever um livro, abrir um restaurante, fazer um curso de pintura, rodar o mundo de navio, pedir o divórcio, entre outras. Vannuchi, diz ainda que para enfrentar a crise da meia idade de maneira saudável, é importante tentar amenizar os sintomas físicos com exercícios; procurar um médico para se orientar sobre reposição hormonal e traçar metas e projetos de médio e longo prazo. (Camila Spillere Busarello – Crise da meia idade: http://www.portalveneza.com.br)

Há quem alegue, porém, que nunca passou pela crise dos quarenta, então resta a esperança de que isso também não me aconteça. E, se acontecer, que eu consiga superar com um pouco mais de facilidade que algumas pessoas. Tenho ainda de levar em consideração que muita gente me diz que não pareço ter 40 (e, às vezes, até eu mesma não acredito! (rs)). E isso pode ser um bom sinal, já que não existe uma ‘receita de bolo’ para que uma recém chegada aos quarenta passe totalmente imune à crise dos enta.




Texto publicado originalmente no blog Palavreando.

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Quando a última árvore cair, derrubada; quando o último rio for envenenado; quando o último peixe for pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro é coisa que não se come".

(Índios Amazônicos)

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