Por Janethe Fontes
Confesso que quando completei 35 anos de idade me via no auge de uma crise que nem sabia que existia (leia o artigo Ansiedade, crise dos trinta ou crise da modernidade?), mas, depois que formulei o artigo
mencionado, descobri que inúmeras pessoas (homens e mulheres) também entram em
crise nessa mesma faixa etária. Isso porque no início da vida adulta idealizamos
que aos trinta e poucos anos teremos concretizado aquilo que julgamos que nos
tornará felizes e realizados. Para alguns, o ideal pode ser ‘encontrar um
grande amor’ ou ‘perpetuar’ a espécie com a chegada de um “rebento”; para
outros, conseguir ‘reconhecimento profissional e/ou comprar uma bela casa';
enfim, pode ser inúmeras coisas que não cabe enumerar aqui. E a crise se dá,
acredito, quando justamente não conseguimos alcançar aquilo que imaginávamos que deveríamos concretizar nesta idade. E, aí, você sucumbe a uma necessidade
quase desesperada de fazer as coisas acontecerem, de atingir seus sonhos antes
que a idade o impeça disso. Vem também o medo de perder a saúde, a
sensualidade... de envelhecer.
O pior é que passada a crise dos
trinta, vem a chamada crise da meia-idade, conhecida popularmente como “crise
dos enta”, ou seja, vem a “eterna crise”. Sim, porque depois dos quarenta, vem
cinqüenta, sessenta, etc, etc.
A verdade é que com a crise da meia-idade
vem a compreensão de que se chegou a um “divisor-de-águas”, e isso pode colocar
em dúvida vários aspectos da vida, tanto profissionais como pessoais. E esse
sentimento pode acarretar numa busca bastante inquieta por uma nova vida.
Afinal, “a vida começa aos quarenta”. Não é isso o que dizem por aí?
A chamada crise da meia-idade também é caracterizada
por um período de transição da idade adulta para uma fase de avaliação e
reafirmação da vida profissional e emocional, alegam alguns psicólogos.
Para o ginecologista
Malcolm Montgomery, nesta fase da
vida, há uma queda na produção de hormônios ligados à sexualidade, tanto na
mulher, com a proximidade da menopausa, quanto no homem. Essa baixa hormonal
contribui para deixar as pessoas mais frágeis, e aliada a outros fatores
sociais e culturais, pode desencadear um período de crise.
Já o psicólogo Diego Gutierrez Rodriguez, afirma que além
da queda hormonal, as principais características dessa fase dizem respeito ao
fator tempo. Levando em consideração que, no Brasil, por exemplo, a expectativa
de vida é de 73 anos- segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística)- chegar aos quarenta anos pode causar uma sensação de desconforto
e de medo. Surgindo questionamentos como: o que eu fiz da minha vida e o que
vou fazer com o resto dela? Quanto tempo ainda tenho de vida?
Segundo o
especialista Camilo Vannuchi, a meia idade é uma fase, que apesar da crise,
ocorre transformações pessoais, onde a pessoa consegue realizar seus diversos
desejos como, prestar um novo vestibular, escrever um livro, abrir um
restaurante, fazer um curso de pintura, rodar o mundo de navio, pedir o
divórcio, entre outras. Vannuchi, diz ainda que para enfrentar a crise da meia
idade de maneira saudável, é importante tentar amenizar os sintomas físicos com
exercícios; procurar um médico para
se orientar sobre reposição hormonal e traçar metas e projetos de médio e longo
prazo. (Camila Spillere Busarello – Crise da meia idade: http://www.portalveneza.com.br)
Há quem alegue, porém, que nunca passou
pela crise dos quarenta, então resta a esperança de que isso também não me
aconteça. E, se acontecer, que eu consiga superar com um pouco mais de
facilidade que algumas pessoas. Tenho ainda de levar em consideração que
muita gente me diz que não pareço ter 40 (e, às vezes, até eu mesma não
acredito! (rs)). E isso pode ser um bom sinal, já que não existe uma ‘receita de
bolo’ para que uma recém chegada aos quarenta passe totalmente imune à crise
dos enta.
Texto
publicado originalmente no blog Palavreando.