1 - Conte-nos quem é a Janethe Fontes?
Sou uma pessoa
simples... uma sagitariana apaixonada pela vida, pela
família (incluindo minhas lindas crias de 4 patas) e também pela
natureza. Sou brasileira, casada, mãe de dois filhos e Escritora Romancista. Sou ainda blogueira nos momentos vagos, palestrante quando
possível, administradora de uma pequena empresa de eventos no dia a dia e
leitora incondicionalmente viciada.
Faço parte do
projeto Lê Guarulhos, movimento dos escritores da cidade de Guarulhos, e também
do CNA – Clube dos Novos Autores, movimento que luta em prol da literatura
nacional e da ANEB – Associação Nacional de Escritores Brasileiros, focada em
fortalecer os processos de distribuição e divulgação de obras nacionais.
Faço parte
também da Mochila Literária, que é uma turnê de escritores nacionais que
percorrerá as principais capitais brasileiras entre final de 2013 e 2014, com o
intuito de divulgar e promover o cenário literário nacional e regional. Sou
ainda mentora do Projeto Escritores na Escola da cidade de Guarulhos, movimento
ainda não oficializado e em fase de desenvolvimento que tem como objetivos: o
incentivo à leitura, a busca pela formação de novos leitores e a difusão da
literatura nacional. Além de promover a aproximação e interatividade entre
estudantes e escritores, através de encontros realizados em instituições
escolares públicas e particulares.
2 - O que ou quem te inspirou escrever
sobre a violência contra mulheres?
O fato é que
a violência, de uma forma geral, é algo que me incômoda... que assusta. Então,
depois de ler várias reportagens sobre a violência contra a mulher, decidi que
iria escrever sobre isso, pois é um tema que você não encontra muito na
literatura brasileira. E mesmo em nível internacional, são pouquíssimos os
autores que abordam temas que envolvem a violência contra a mulher, a violência
de gênero. Por isso, quando decidi escrever meu primeiro livro, achei que
poderia “explorar” isso, já que, como eu disse, esse é um assunto que me
incomodava, e ainda incomoda, bastante. E como meu primeiro livro, Vítimas do
Silêncio, teve uma aceitação muito boa, resolvi “abusar” um pouco mais. Eu
realmente acredito que somente “falando” muito sobre esse tipo de assunto é que
o mesmo deixará de ser tabu.
3 - Li em seu blog uma matéria, muito boa
por sinal, intitulada: porque
a Lei Maria da Penha não consegue reduzir homicídio de mulheres? Você acha que a Lei é só mais uma forma de
mascarar uma realidade insolúvel a priori?
Não, a Lei
Maria da Penha é um inegável avanço. Mas não é suficiente, como eu disse em meu
artigo. Pois se faz necessário mudar o sistema social e investir urgentemente
em mudanças na educação de nossas crianças, de nossos jovens, de nossa
sociedade, a fim de diminuir as desigualdades de gênero. É preciso mudar essa
sociedade machista, onde a supervalorização do “homem”, em contraste com a
contínua desvalorização da “mulher”, se reflete na forma de educar as crianças,
quee é um dos fatores perpetuadores desse tipo violência.
4 - Em sua opinião, o que se pode fazer
para que a Lei seja mais eficaz?
Em outro
artigo meu, falei sobre isso. Acredito que a Lei Maria da Penha é bastante
eficiente, mas existem falhas no cumprimento, já que, lamentavelmente, entre o
que se encontra na lei e o que vemos na prática, ainda existe uma distância
espantosa. Juízes machistas dão causa ao homem agressor e as medidas de
proteção (como proibição de aproximação da vítima e seus familiares), muitas
vezes, demoram a ser despachadas — e, quando são, nem sempre são cumpridas.
Daí, fica realmente muito difícil. A sociedade tem de exigir que a Lei
Maria da Penha saia integralmente do papel e de fato proteja as mulheres.
5 - Vítimas
do Silêncio é uma história tocante pela dramaticidade que envolve esse contexto
de violência sexual. Em algum momento você já foi abordada por uma leitora que
viveu essa situação?
Já, várias
vezes. E é mais tocante ainda ouvir das próprias vítimas suas histórias. Chega
a arrepiar.
6 - Você acredita que um homem que bate na
sua parceira e diz amá-la é uma pessoa acometida de um distúrbio psicológico?
Acho que toda
pessoa que usa a violência como forma de escape tem distúrbio psicológico. Não
há como explicar isso de outra forma. Mas, veja, segundo pesquisas, alguns
elementos como álcool e drogas são apontados como os principais fatores que
desencadeiam a violência contra a mulher, e não somente contra a mulher, como
também contra crianças, idosos e homossexuais. Temos também o machismo que,
indiscutivelmente, causa muitas e muitas vítimas. Portanto, temos vários
fatores que precisam ser analisados.
7 - Os danos causados neste tipo de abuso
(sexual) podem ser irreversíveis. Você acha que o silêncio da vítima ainda é o
grande responsável por um grande número de criminosos não pagarem por seus
crimes?
Sim, acho.
Mas o problema é que grande parte dos casos acontecem dentro do próprio lar da
vítima e por pessoas que ela ama, e ainda numa idade que a vítima não tem
amadurecimento psicológico suficiente para entender o que lhe aconteceu, não
tem um entendimento apurado da violência sofrida; daí, a criança acaba
atribuindo a si mesma uma culpa que não é dela. Jamais! Quando a vítima já é
pessoa adulta, independentemente da violência ter sido por familiar ou por um
estranho, a vergonha é o problema mais comum. Enfim, tudo isso dificulta sim o
delato do crime.
8 - Você acha que uma mãe, mesmo vivendo
bem maritalmente com seu companheiro, deve alertar e orientar as filhas para
uma possível investida?
Pergunta
complicada essa, viu? Afinal, é preciso tomar muito, mas muito cuidado mesmo em
não delegar às crianças a responsabilidade pela “safadeza/crueldade” de um
adulto. Ao mesmo tempo, precisamos alertá-las para uma possível investida.
Então, o que fazer? Penso que devemos conversar com nossas crianças e mostrar
quais são as áreas do corpo que elas não devem deixar uma pessoa adulta mexer,
alertar para que não recebam doces e/ou brinquedos de pessoas estranhas e
também que jamais acompanhem outras pessoas sem a autorização dos responsáveis
por ela. Inclusive, há na internet cartilhas e vídeos que podem ajudar aos pais
a abordarem o assunto com seus filhos, sem causar-lhes terror.
9 - Nunca desconfiei do pai das minhas
filhas, mas sempre as orientei e tomei algumas precauções como não permitir que
ele ficasse em trajes menores pela casa e elas jamais mostrarem o corpo em
roupas mais insinuantes nem mesmo ao irmão mais velho. Será que isso seria
paranoia? Ou será que uma forma de evitar qualquer situação do tipo?
Como eu disse
acima, faz-se necessário tomar cuidado em não delegar às crianças/mulheres a
responsabilidade pela “safadeza/crueldade” de outro. Não podemos achar
‘desculpas’ para comportamentos desrespeitosos, violentos e invasivos. Os
trajes de uma pessoa, muito menos de uma criança, jamais podem servir de motivo
para que alguém a estupre, para que abuse sexualmente dela. É preciso lembrar que ao pregar “condutas de vestimenta”,
reforçarmos, mesmo que sem querer, a tal ‘cultura do estupro’, pois é como se
declarássemos que as crianças/mulheres são responsáveis por controlar o comportamento
dos homens... é reforçar que a culpa é da vítima porque não se vestiu ou se
comportou de jeito "apropriado". E a culpa jamais é da vítima!
Eu entendo
que alguém que trabalhe o tempo inteiro com esse assunto fique um pouco
paranoico. Eu entendo mesmo, por experiência própria! Mas penso que em vez de
ensinarmos nossas meninas a se vestirem ou se comportarem de forma assim ou
assada, devemos ensinar nossos meninos o respeito ao corpo do outro, a controlar
seus impulsos e respeitar as mulheres como iguais. Creio que somente assim,
será possível romper com o ciclo da cultura do estupro.
10 - Deixe-nos um recado, considere ou
desconsidere qualquer coisa.
Acho que vou
aproveitar “a deixa” para vender meu peixe aos leitores (rsrs). Posso?
Atualmente,
eu tenho 3 livros publicados, sendo que meu 4º livro, O voo da Fênix, sai ainda
neste ano:
Vítimas do Silêncio, lançado em
2008 pela Editora Universo dos Livros e em 2011 pela Editora Baraúna (2ª
edição), agora também pode ser encontrado em e-book no site da Amazon,
por uma ninharia(!);
Sentimento Fatal,
lançado em 2011 pela editora Dracaena em versão
impressa e em e-book (veja aqui: na Amazon);.
Doce Perseguição,
lançado em 2012 pela Editora Giostri
Meus livros
também podem ser comprados por um preço muito especial em minha lojinha virtual ou em livrarias
físicas e também virtuais de todo o país.
E para quem
quiser conhecer um pouco mais dos meus trabalhos, seguem meus endereços
eletrônicos:
E-mail: janethefontes@gmail.com
Aproveito
também para agradecer, do fundo do meu coração, a todos os meus amigos e
leitores que me acompanham nesta louca jornada!
Blogue da autora Ahtange Ferreira:
http://romancesindeleveis.blogspot.com.br/2014/01/valorizando-o-nacional_22.html#more